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O Jornal Ponto Final publicou o artigo intitulado do jornalista e diretor adjunto do Jornal O Democrata da Guiné-Bissau
Embaixada da China
2023-12-13 00:49

No dia 12 de dezembro, o Jornal Ponto Final, uma mídia macaense, publicou o artigo intitulado “Nova Parceria Chinesa: Uma Oportunidade para Revolucionar a Agricultura em África” do Sr. Assana Sambú, jornalista e diretor adjunto do Jornal O Democrata da Guiné-Bissau. Segue-se o artigo em íntegra.

A iniciativa da nova etapa de construção de uma comunidade de futuro compartilhado entre a China e a África é uma parceria que deve ser encarada como um "caminho sem espinhas" para industrializar o continente e, consequentemente, para definir e estruturar os programas de desenvolvimento dos respetivos países, sobretudo o setor da agricultura que é vital para erguer a economia da maioria dos países africanos.   

A construção do futuro compartilhado entre a China e a África deve ser antes de tudo, solidificada na base de uma parceria de respeito mútuo como sempre e, acima de tudo, os países signatários devem trabalhar no sentido de harmonizar a iniciativa chinesa com os seus planos de desenvolvimento estratégico. É importante que cada país esteja à altura de conceber um projeto sólido na base da disponibilidade chinesa em apoiar na industrialização e modernização da agricultura do continente. Aliás, para que a iniciativa tenha sucesso e que corresponda com as previsões, os países devem aproveitar a boa relação e vontade chinesa de estender a iniciativa para outras áreas, de acordo com as necessidades e realidades. 

A abertura da parceria oferecida pela China deve ser segmentada com o diálogo e concertação permanente entre as partes, criando um ambiente sólido capaz de permitir a materialização das respetivas visões e estratégias de desenvolvimento. É inquestionável que, olhando pelas previsões, a nova parceria trata-se de um caminho que se pode julgar seguro para a industrialização da África e, consequentemente criar as condições sólidas para revolucionar o setor de agricultura.   

A África dispõe hoje de recursos humanos e matéria-prima suficientes para capitalizar a sua economia e garantir uma certa independência financeira e, sobretudo, criar as condições básicas para garantir a segurança alimentar. De um lado, é por estas e outras razões que se considera que a nova parceria é o "caminho sem espinhas e sem arames farpados" para ultrapassar os desafios do subdesenvolvimento, da insegurança alimentar  e capitalizar a economia do continente. Por outro, ela pode ser aproveitada para africanizar essa mesma economia com os recursos e capitais africanos, construídos na base dos investimentos feitos através da transformação local de produtos agrícolas e das matérias-primas.  

A benevolência chinesa deve ser aproveitada igualmente para além dos setores da indústria e agricultura, mas sobretudo tomar em conta a sua experiência em outras áreas para organizar e reestruturar particularmente os setores da educação, da saúde, das telecomunicações, das novas tecnologias e dos serviços. Na verdade, é impossível sonhar desenvolver-se com o modelo econômico vigente hoje em alguns países africanos, particularmente na Guiné-Bissau que, em cada campanha, exporta em bruto o seu maior produto estratégico (castanha de cajú).    

Os países como a Guiné-Bissau, enquanto beneficiários dessa parceria, deveriam se interessar primeiro pela modernização do setor agrícola, que pode servir de base para relançar a economia e depois avançar para a industrialização dos seus produtos na base da experiência chinesa. 

É insustentável, na nossa opinião, avançar pela industrialização, sem, no entanto, criar as condições básicas de produção capazes de sustentar as respetivas indústrias. Porque, quando essas bases não são criadas, as iniciativas de industrialização, assim como da modernização agrícola tornar-se-ão numa miragem e reduzirão às cinzas os seus objetivos, matando desta forma toda a expectativa e sonho do povo sobre a nova etapa da construção do futuro compartilhado entre a China e África. 

Conhecendo a precariedade de alguns países africanos, obriga-nos a reconhecer que muito trabalho deve anteceder a parceria, mas de imediato, os signatários desta iniciativa devem priorizar o setor agrícola e aproveitar ao máximo a experiência chinesa. Depois de erguer o setor de agricultura pode-se apostar na indústria de transformação de produtos como a segunda etapa.

Consolidadas essas duas etapas, é possível seguir-se para uma terceira etapa que é de estabilizar a economia e garantir a autossuficiência alimentar.

A nova etapa de construção do futuro compartilhado entre a China e a África não deve ser encarada como uma oportunidade para a infraestruturação dos países africanos, como se ouve nos debates sobre esta iniciativa. É verdade que a China ajudou e muito na construção e modernização das infraestruturas dos países africanos, mas esta iniciativa é muito mais do que isso. Ela não deve jamais resumir-se aos projetos de infraestruturação. Não. Esta ocasião deve ser encarada e aproveitada para sair do lamaçal e erguer-se, mas acima de tudo, enxergar para além do horizonte e resolver os problemas cruciais do subdesenvolvimento.  

Os países subdesenvolvidos ou chamados do terceiro mundo, particularmente africanos, signatários desta iniciativa, precisam acertar passos com a China, de uma forma individual. Cada país deve ter a capacidade de apresentar um programa, de acordo com a sua realidade ou suas necessidades para os programas de curto, médio e longo prazo.

É verdade que a iniciativa visa desenvolver a indústria e a modernizar a agricultura, mas as prioridades dos países africanos deveriam cingir-se primeiramente na modernização da agricultura e na criação de capacidade de transformação local dos seus produtos. Reafirmando, o que foi atrás referido, não se deve descurar com a reestruturação do setor da educação, saúde e se interessar-se pelos setores das telecomunicações e das novas tecnologias, que são vitais para a sustentabilidade económica das economias frágeis.    

Os desafios geopolíticos de um lado e geoestratégicos, de outro lado, obrigarão as partes a entenderem-se, porque estes desafios são razão principal que motivou a China a estender a sua "mão abençoada" para o mundo, particularmente para os africanos, mostrando que é uma alternativa para uma parceria livre e honesta.  

Uma parceria implementada metódica e diplomaticamente, de forma suave, permitindo assim os africanos e outros parceiros aderirem às suas iniciativas, erguer a nova ordem mundial na base de uma relação de parceria sã e de "ganhar-ganhar". No fundo, uma parceria em que não existe explorador nem explorado e muito menos condicionado sob quaisquer pretextos.  

É por isso que a nova etapa da construção do futuro compartilhado entre a China e África, é acima de tudo, uma iniciativa crucial capaz de acordar o continente berço da humanidade do seu sono profundo e transformá-lo completamente. A África precisa apenas de ter a capacidade de apresentar projetos sólidos e defender o seu interesse, porque tem tudo para se transformar e sair do lamaçal em que se encontra em termos económicos e do desenvolvimento.  

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